21 de março de 2007

Lágrima de Preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.


Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterlizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:

tinha um ar de gota
muito transparente.


Madei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.


Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro
nem vestígios de ógio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


António Gedeão

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